Ergonomia e Dimensões Usuais

Projetar e construir um barco é uma tarefa simples quando você usa dimensões consagradas e não tenta inventar nada muito diferente do que se utiliza usualmente. O problema nasce quando o construtor, principiante ou mesmo profissional, precisa projetar sozinho as dimensões básicas de uma passagem, porta, gaiuta, beliche ou mesa. Muitos projetos são extremamente detalhados, mas muitas das dimensões finais necessitam ser ajustadas no protótipo, e os projetistas não tem medo de pedir que o construtor faça este ajuste por ele mesmo. O problema é que nem sempre nesta hora o bom senso fala mais alto e o projeto acaba incorporando soluções que não são usuais na indústria e o produto final acaba mutilado.

Figura 1. Plano de acomodações

Seja qual for o tamanho do barco a dificuldade de encontrar espaços vai sempre existir. Mesmo que o projeto seja muito bom, em algum lugar, vai haver restrição de passagem ou mesmo altura do pé direito. É claro que barcos maiores que 60 pés, têm a vantagem de ter espaço suficiente para a maior parte dos interiores de bordo, mas mesmo assim em algum ponto vai existir uma passagem apertada.

No caso de barcos menores o problema fica bem mais sério. Em embarcações na faixa de 25 a 30 pés, a altura do pé direito sempre é um problema a ser solucionado, e nem sempre o desenho final é aceitável. A dificuldade com este tamanho de barco é que a maior parte dos projetistas quer colocar quase tudo dentro, e convenhamos que em 7-8 metros de comprimento não cabe muita coisa. No caso da altura do pé direito, deve ser dada atenção redobrada na forma final do convés para não ser gerada um desenho que inviabilize a estabilidade final do barco. Em geral, é difícil conseguir um pé direito acima de 1,75 m.

Em barcos abaixo de 40 pés a posição do banheiro e seus acessos também são um problema crônico. Neste comprimento de barco, qualquer espaço tende a ser usado e as passagens e aberturas de portas ficam sempre comprometidas. Parece que hoje em dia todas as cabines de um barco precisam ter privacidade e porta, o que certamente é a causa de muitos espaços difíceis de serem utilizados. Este é o caso clássico dos banheiros de bordo.

Figura 2. Dimensões dos banheiros

Tentar colocar uma pia, um vaso sanitário, um chuveiro e um armário em um espaço menor que 1 m² é sempre um desafio. Isto sem contar que nos locais onde os banheiros são instalados sempre existe restrição de altura.

Outro ponto que o projetista e construtor devem prestar atenção é nas alturas e larguras dos assentos. Isto é preferencialmente crítico em barcos à vela, onde a maior parte do tempo eles navegam adernados. Os assentos do cockpit devem ter a altura correta para evitar que a tripulação escorregue o tempo todo e não tenha nenhum tipo de apoio para os pés. A largura dos assentos e altura dos encostos deve permitir conforto para a tripulação sem ferir os conceitos básicos de estética. No caso de assentos internos de sofás e camas, eles devem contemplar também as alturas livres de pé direito e posição para entrada e saída dos acessos.

Figura 3. Layout dos assentos

No caso de camas e beliches, sempre vai existir um comprimento e largura mínimo que deve ser respeitado. Não adianta querer colocar 6 camas em um barco de 30 pés, pois nunca ninguém se sentirá confortável e o proprietário do barco vai acabar se deparando com tripulantes dormindo sobre os paineiros do fundo do barco.

Figura 4. Dimensão dos beliches

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