Os tecidos bidirecionais mais leves, na faixa de 60 a 400 gr/m2, estão disponíveis numa grande variedade de tramas que terão diferentes características. O tipo de trama afeta na facilidade com que o tecido é impregnado e com a qual ele faz curvas, além disso, quanto mais preciso o trabalho de tecelagem maior será a resistência do laminado. Mesmo com uma construção precisa, para a mesma gramatura os tecidos unidirecionais e multiaxiais tendem a ser mais resistentes que tecidos com tramas bidirecionais.
A trama mais comum nos tecidos disponíveis no mercado é a plana, onde cada cabo passa sobre o outro alternadamente. Nesta trama, os cabos podem ser planos ou retorcidos nas duas direções ou mesmo plano em uma delas e retorcido na outra.
Veja ainda se o tecido que você está procurando tem a mesma quantidade de fios nas duas direções, pois isto irá determinar se o tecido é balanceado ou não. Neste tipo de tecido, a abertura entre os cabos é essencial para o resultado final da laminação.
Tecidos muito frouxos tendem a abrir buracos durante a laminação, oferecendo ao laminado áreas ricas em resina. A maioria dos fabricantes chama este fenômeno de porosidade. Outro tipo de trama comum de ser encontrada é a basket, onde, ao invés de um cabo, são utilizados dois, um ao lado do outro, para tecer uma trama plana.
Os dois outros tipos, com certeza, são os mais sofisticados e apresentam apenas poucas variações entre eles. Na trama tipo Twill ou Satin, chamada em português de sarja, cada fio cruza duas, três, quatro ou mais camadas perpendiculares a esta. Se na sua configuração de construção ela cruza apenas duas vezes, a trama é chamada de Twill; se ela cruza três ou quatro é denominada Crowfoot. Se durante a tecelagem os fios passam uns sobre os outros mais que cinco vezes, ela chama-se Satin, que normalmente podem ser cinco ou oito. A última trama, pouco utilizada em laminados de barco, é a do tipo Leno, uma trama bem aberta onde os fios retorcidos conseguem manter a estabilidade do material.
Rafael Silva disse:
Qual a utilidade de tecidos não balanceados?
Barracuda Composites disse:
Oi, Rafael
Muitas vezes uma estrutura está sujeita a esforços diferentes em diferentes direções, então não há a necessidade de adicionar a mesma quantidade de reforços nas duas direções, uma vez que em uma delas a fibra extra só adicionaria peso desnecessário.
Leandro Dias disse:
Estou pensando em construir um pequeno veleiro. Qual a melhor trama para laminação de áreas com bastante curvatura?
Barracuda Composites disse:
Olá, Leandro
A trama Twill é a mais recomendada para laminação de geometrias com dupla curvatura. Boa sorte no seu projeto e se precisar de qualquer ajuda com a lista de materiais, fique a vontade para entrar em contato!
francisco Bittar disse:
para laminar um casco de um pequeno veleiro feito de compensado naval, levando em conta que o ideal seria 400g/m2 no total de tecido de fibra de vidro. Qual tipo de tecido é recomendo: um biaxial de 400g/2, um bidirecional de 400g/m2 ou duas camadas de um bidirecional de 200g/m2 ?
Barracuda Composites disse:
Francisco,
não existe um tecido essencialmente melhor do que o outro, muitos fatores podem influenciar a sua escolha. Por Exemplo:
No caso dos tecidos já com a gramatura de 400g/m² sua escolha pode ser justificada pela redução de tempo de trabalho comparado com a utilização de duas camadas de um tecido de 200g/m².
Na escolha entre tecidos biaxiais x bidirecionais, se formos analisar as características mecânicas, você provavelmente vá obter resultados levemente melhores com a utilização de um tecido biaxial devido a melhor construção desse tipo de tecido principalmente pelo alinhamento dos fios. Mas esse tipo de escolha só é justificada quando se é necessário uma boa eficiência estrutural.
Uma boa vantagem do tecido bidirecional com gramatura mais baixa, principalmente os de trama sarja ou twill, é a maior facilidade desse tipo de tecido de acomodar em geometrias mais curvas. Outro detalhe é que se você laminar manualmente duas camadas de 200g/m² ao invés de uma só de 400g/m² é que a quantidade de resina e espessura vão ser maiores, o que pode ajudar na impermeabilização.
Paulo uliana disse:
Boa tarde
Minha proposta é construir um Remo para remar em barcos a Remo olímpico. Não é canoagem.
Qual o tecido ideal, gramatura.
Barracuda Composites disse:
Olá, Paulo
O dimensionamento de um remo vai depender de diversos fatores. A começar pelo formato da pá, do comprimento do remo e até da sua preferência pessoal por um remo mais ou menos rígido. As suas principais preocupações ao projetar esse tipo de estrutura devem ser a capacidade de o remo suportar os esforços de flexão e torção. Fabricantes acabam optando por uma combinação de tecidos biaxiais e unidirecionais de carbono de alto módulo para garantir rigidez suficiente ao remo.
nicolau carvalho da silva disse:
Bom dia
gostaria de uma ajuda de vcs, tenho um amigo que costuma fazer uns botes de 5,5 mt de comprimento, ele usa geralmente 4 camadas de roving, falando com ele eu disse q queria adicionar o 2 camadas de tecido biaxial xm1808, ficamos com a dúvida de quanto a mais (+ ou-), será o consumo de resina com esse tecido, por camada?
Assim qual a diferença de consumo de resina, pq ele já tem uma idéia de quanto ele gasta utilizando o roving e me perguntou o quanto o tecido consome de resina
Barracuda Composites disse:
Olá, Nicolau
O consumo de resina depende do tipo de processo que você vai utilizar. A laminação manual é capaz de alcançar um teor de fibra de 40%, então para cada camada de tecido XM1808 que possui 890 g/m² (620 g/m² de fibras contínuas e o restante de manta), você deve consumir cerca de 1,4 kg. Nesse valor você ainda deve adicionar as perdas naturais do processo e a possível variação do peso do tecido de acordo com a tolerância do fabricante. Processos que utilizam vácuo são capazes de diminuir esse consumo, sendo que a laminação por vacuum bagging pode alcançar 55% de peso em fibra e a infusão chega a 60%.
Thais disse:
Gostaria de saber exemplos de indicadores de qualidade para controlar tecidos como esses, por exemplo, durante o corte em máquinas
Barracuda Composites disse:
Olá, Thais
O corte dos tecidos não é realizado em máquinas justamente porque é necessário cuidado para não desmanchar a trama. Normalmente ele é realizado com tesouras ou facas circulares ou, no máximo, com tesouras elétricas. Quando entregue pelo fornecedor na forma de rolos, os tecidos apresentam nas extremidades uma fina linha de costura que mantém a trama bem posicionada. Antes de ir para o cliente final, há sempre uma inspeção visual da trama para garantir que o produto está de acordo com o esperado.
Outras características do tecido como a gramatura, são verificadas quantitativamente e devem ficar dentro das tolerâncias informadas pelo fabricante.
Guilherme disse:
Como faço para saber sobre oa sentidos das fibras e seus usos? Unidirecional, bidirecional 0/90, 45/45 multiaxial entre outros? No caso de construção de tubos qual seria o ideal?
Barracuda Composites disse:
Olá, Guilherme
Normalmente essa informação é especificada no datasheet do material. Visualmente você também pode qual a orientação da fibra.
Agora para seleção da fibra para construção de um determinado projeto, você precisa entender os esforços aos quais sua estrutura será submetida e adicionar fibras nessa direção. Tubos que estão submetidos a flexão normalmente levam tecidos bixiais [+45/-45], assim como as mangas de carbono disponíveis na e-composites. Agora se houver algum esforço de tração ou compressão, é importante você combinar os biaxiais ainda com camadas de tecidos unidirecionais.
MARCELLO SCOTTO NETO disse:
Poderiam me orientar sobre como construir antepara de veleiro em divinycell? Preciso substituir a do meu veleiro Brasilia 32.
Barracuda Composites disse:
Bom dia, Marcello
Você pode substituir a antepara por um painel k-lite, que nada mais é que um painel sandwich plano construído por infusão a vácuo. A espuma de PVC pode ter a mesma espessura da antiga antepara e deve ser laminada com tecidos biaxias com fibras orientadas nas direções [+45/-45]. A densidade da espuma e a gramatura do tecido vão depender do projeto estrutural da sua embarcação e de quanto esforço a antepara deverá suportar.
Marcos Rosário disse:
Saudações!
Tenho procurado tecidos de carbono e kevlar abaixo de 100g/metro quadrado e não encontro estes produtos no Brasil. Gostaria de saber o motivo, faço aeromodelos e tenho sido obrigado a trabalhar apenas com fibra de vidro.
Cordialmente,
Marcos
Barracuda Composites disse:
Olá, Marcos
Não é comum que indústrias que trabalham com esses produtos em larga escala utilizem gramaturas tão baixas. Há uma série de motivos para isso, mas é possível destacar que nesses parâmetros, é possível que a fibra de vidro apresente uma eficiência de custo benefício que atenderá a maior parte das aplicações, possibilitando que as fibras de carbono e aramida sejam utilizadas somente em estruturas que tenham uma demanda de resistência e rigidez maior.
Amyres disse:
Bom dia. Estou fechando o espaço de 4 vigias de costado num veleiro de 40 pés, o costado é sanduíche com 4 mm de fibra de cada lado e o núcleo com 10 mm, usarei divinicel de 10mm, como você orienta a laminação? Obrigado
Amyres
Barracuda Composites disse:
Bom dia, Amyres
Você pode utilizar múltiplas camadas tecidos biaxiais XM1808 para esse reparo. O passo a passo desse tipo de construção está descrito nesse post sobre reparo de laminados sandwich.
OSNEY disse:
OLÁ, GOSTARIA DE SABER QUAL A FIBRA DE VIDRO MAIS INDICADA PARA UMA JETBOARD COM MOTOR À COMBUSTÃO?
DESDE JÁ GRATO A ATENÇÃO
Barracuda Composites disse:
Bom dia, Osney
O plano de laminação de uma estrutura dessa depende de uma série de decisões que você vai tomar durante o projeto, qual o tipo de núcleo que você vai utilizar e potência do motor utilizado, tipos de fixação, etc.
Você pode ter em mente que estruturalmente os tecidos multiaxiais sempre serão mais resistentes e rígidos. Os bidirecionais de baixa gramatura são bastante utilizados em acabamentos e para proteção de núcleos de madeira em conjunto com resinas epoxy.
Jaguara Mendes disse:
Gostaria de saber qual a fibra de carbono ideal para fabricação de quilhas para pranchas de surf
Barracuda Composites disse:
Olá,
Uma boa opção para você pode ser o RC200T, que possui boas propriedades mecânicas e padrão estético que normalmente se busca quando a fibra de carbono é empregada.
Adeilson disse:
Pra refazer uma trinca de uma calda de um ultraleve tou vendo eli aqui eli e de fibra de carbono agora nao sei especificar qual carbono e
Barracuda Composites disse:
Oi Adeilson,
Você pode tentar identificar o carbono pelo site da e-composites!
Mario Benvenuti disse:
Que maravilhoso conhecimento sobre as fibras e laminação. Como adquirir tamanho conhecimento? Recomenda algum curso online? Em breve tenho um desafio no mar de 5 meses a bordo de um veleiro 30 pés. A arte da laminação pode ser critério decisivo para trabalhar durante e após a viagem.
Barracuda Composites disse:
Olá Mario,
Muito legal. Nós sempre recomendamos as literaturas do Jorge Nasseh, são livros muito importantes no meio Náutico, falando sobre construção, materiais compósitos utilizados, passando detalhadamente por cada aspecto da construção com composites.
Eduardo Reis disse:
Eu vou fabricar um Pau de Spinnaker para meu veleiro 50pés em fibra de carbono. Gostaria de saber qual tipo de tecido (orientação dos fios e gramatura) devo usar no projeto?
Desde já agradeço
Barracuda Composites disse:
Oi Eduardo,
Para o pau de spinnaker em fibra de carbono você deve usar 50% de tecidos unidirecionais e 50% de tecidos a 45/-45 graus. Nos lugares de conexões acrescentar mais 25% de material.
Alexandre Angonese disse:
Olá, Gostaria de melhorar a segurança da capota marítima de minha camionete contra ações com o uso de facas ou estiletes.
A ideia seria colar esse tecido no original da capota mantendo a funcionalidade da capota ser enrolada.
Qual seria a sugestão de vcs quanto ao tecido a ser utilizado?
Barracuda Composites disse:
Oi Alexandre,
Não temos soluções para essa questão. Tecidos estruturais só atingem o potencial de suas propriedades quando são laminados, impossibilitando que você consiga dobrá-lo.
Carlos Robefto A D Silva disse:
Olá, qual o material adequado para laminação de fuselagensce e ogivas de foguetes experimentais em fibra de vidro ?
Barracuda Composites disse:
Voce pode usar fibra de vidro com resina poliester já que eu acredito que é uma peca descartável… outra opção mais leve seria usar fibra de carbono.
Qual o tamanho desta ogiva??
Carlos Robefto A D Silva disse:
Bom dia, obrigado pelo retorno.
A ideia seria reaproveitar a ogiva, já que o projeto invlui um sistema decrecuperação.
A ogiva de ter 3 ou 4 polegadas de dametro por aproximadamente 50 cm de altura.
Barracuda Composites disse:
Eu faria um protótipo inicial com fibra de vidro e resina estervinilica… depois em caso de sucesso partiria para usar fibra de carbono com resina epoxy.
Venicius Pessoa disse:
Boa tarde!
Qual a tensão máxima suportada pelo tecido, você tem alguam ficha técnica que possa me disponibilizar, estou projetando um equipamento para a Arcelor Mittal.
Grato pela atenção
Barracuda Composites disse:
Se voce esta usando um material composto ele vai ter fibra de vidro/carbono (tecido) e mais uma resina.
Voce precisa somente da resistencia da fibra?
Qual seria o tipo de fibra e qual a direcao?
Imagino que voce esta querendo saber a resistencia a tracao de um material composto e nao somente da fibra.
certo?