Tipos de Groovings

Uma pergunta que recebemos quase que diariamente na Barracuda é “Qual o tipo de grooving (Corte) mais eficiente na construção náutica” e resposta é que não existe um corte que seja essencialmente melhor do que os outros. Existe uma grande variedade de groovings e suas eficiências dependem do processo de laminação e da geometria da peça a ser laminada.

O primeiro tipo de corte que podemos exemplificar é o GSP, que é a nomenclatura utilizada para placas planas sem nenhum tipo de ranhura. Esse tipo de placa é muito utilizada como núcleo de longarinas das embarcações, principalmente nas menores densidades como 40, 45 e 60 kg/m³.

A placa GSP tem uma variação chamada GSP Perfurada, indicada para laminação por vacuum bagging. As perfurações na placa permitem que todo o ar que possa ter ficado enclausurado nas primeiras camadas de tecido e também entre o tecido e o núcleo possa ser retirado.

A placa do tipo GSP Perfurada também pode ser utilizada na laminação com tecidos pré-impregnados (prepregs) mas é sempre necessário prestar bastante atenção na temperatura de distorção térmica do tipo de espuma que está sendo utilizado para que não aconteçam deformações durante a cura do prepreg, que precisa ser realizada em alta temperatura.

Outro tipo de corte muito comum é o DC, ou “Double Cut”, que é projetado para laminação manual e recebe ranhuras nas duas faces.

As ranhuras das placas DC são profundas e chegam a pouco mais do que a metade da espessura da placa e como o núcleo é fixado na camada externa do laminado com adesivo de colagem, essas ranhuras devem ser suficientes para que o adesivo preencha essa área e o excesso passe para a face de cima da placa através dos furos ocasionados pelo encontro dos frisos nas duas faces.

As placas ranhuradas para infusão recebem o nome de DCI, que significa “Double Cut infusion”. Nesse caso, as ranhuras são muito menos profundas que as das placas DC e devem ser suficientes para aumentar a permeabilidade do laminado e garantir que toda a peça possa ser impregnada com sucesso.

Esse tipo de placa também recebe perfurações para que a resina consiga fluir bem nas duas faces e as frentes de avanço de resina estejam sempre iguais nas faces de baixo e de cima da placa.

Esse tipo de corte deve ser muito bem feito, pois quando a qualidade do corte é ruim ou a espessura e profundidade dos frisos são grandes demais, esses frisos acumulam muita resina, o que gera acúmulo de calor e é muito provável que a peça fique com sua superfície marcada.

E, por último, outro tipo de corte também muito comum é o GS que é projetado para moldar em áreas curvas.

Esse tipo de placa é frisada somente em uma das faces e os frisos tem a profundidade quase igual a espessura da placa. A face de baixo da placa recebe uma tela de poliéster que garante que a placa não se separe quando flexionada.

Esse corte é muito utilizado em infusão a vácuo, principalmente em energia eólica e também para laminação manual. Quando utilizada no processo de infusão a vácuo, é muito importante que sejam realizados testes de permeabilidade na placa com cortes tipo GS, para garantir que todo o laminado seja impregnado.

Comentários (22)

    • Barracuda Composites disse:

      Olá, João

      É possível sim, são os chamados cortes mistos. Um exemplo que podemos citar é o das placas GS que podem apresentar cortes perfurados para facilitar a passagem de resina entre as faces.

    • Barracuda Composites disse:

      Olá, Luana

      Existe sim um padrão, tanto para os intervalos dos cortes, quanto para sua espessura e profundidade. O corte Perfurado, por exemplo, é espaçado em padrões de 50 a 200mm e o diâmetro das perfurações é de 3mm. Mais detalhes sobre os outros tipos de corte podem ser encontrados no livro Métodos Avançados de Construção em Composites.

    • Barracuda Composites disse:

      Bom dia,

      Existem sim placas maiores que 80 x 60 cm. No entanto, com placas dessas dimensões é possível construir painéis tão grande quanto for desejado. Após a laminação das faces, o painel funciona como um todo e as emendas das espumas não causam nenhum prejuízo estrutural.

      Se você estiver precisando de placas em dimensões específicas, entre em contato com a Barracuda Composites, através do email [email protected]

    • Barracuda Composites disse:

      Olá Vinicius!

      O grooving é mais relacionado com o processo de fabricação utilizado na laminação das faces e com a curvatura da peça. Se você vai laminar a peça manualmente, deve utilizar grooving DC nas partes planas e GS nas curvas.

  • Carlos Hochberg disse:

    Boa tarde! Meu barco é construído em WEST System e tem uma plataforma nele que sempre dá manutenção. Gostaria de trocá-la por uma de espuma de PVC. A plataforma suporta apenas tráfego humano (eu peso 100 kg… hehehe) e mede 0,70 m x 1,98 m.
    Dúvidas:
    1. Posso laminar com poliéster ou seria melhor epoxi?
    2. Qual densidade e espessura de espuma devo utilizar? A plataforma atual usa compensado de 10 mm de espessura revestido em um lado com tecido de fibra de vidro de 200 g/m2;
    3. Preciso saturar a espuma com resina, esperar curar e depois laminar a fibra de vidro ou faço tudo de uma vez?
    Sei que são muitas perguntas e também que a quantidade que comprarei é mínima, mas, vcs poderiam me ajudar?
    Se tiverem um distribuidor na região do Grande Recife, ajuda.
    Obrigado!

    • Barracuda Composites disse:

      Bom dia Carlos,

      Plataformas desse tipo com tráfego de pessoas costumam utilizar uma espuma de PVC com 60kg/m³ com 20mm de espessura laminada dos dois lados com 1 camada de 1mm de fibra de vidro.
      Quanto a laminação da espuma, você pode fazer tudo em uma só etapa. Existe também a opção de você adquirir o painel já pronto, laminado. Essa opção é chamada de painel K-Lite.
      A Barracuda não possui distribuidor em Recife, mas enviamos diretamente para todo o Brasil.

  • Jadyr Galera disse:

    Pretendo trocar todo o convés do meu veleiro, um Samoa 29 e ao invez de compensado de 10 mm com 2 camadas de fv 400 gr/m² gostaria de usar o divinycell, vou laminar manualmente, qual a melhor opção de núcleo? Pelo cálculo do projeto a previsão é de 42 m² de área.

    • Barracuda Composites disse:

      Oi Jadyr,

      Voce pode usar a espuma de 60kg/m3 (Divinycell H60) com 10mm de espessura. Lamine cada uma das faces com um tecido biaxial de 600gr/m2 + mat 225gr/m2. Este tecido é o CM1808. Pode usar resina poliester. Peça o corte tipo DC que vai ser mais facil para voce fazer a colagem da espuma nas faces de fibra de vidro.

  • William Henrique Quinelato da Costa disse:

    Boa noite
    Quero fazer um projeto pequeno tipo Bass Bolt para aprender a trabalhar com o material e depois partir para um projeto maior
    Minha dúvida é
    Qual densidade e espessura usar e qual tipo de laminação fazer

    • Barracuda Composites disse:

      Oi William,

      Se o projeto é pequeno então você pode usar placas de 60 kg/m3. Existem vários cortes para poder moldar a espuma, ou então você usa a placa plana para dar o formato do seu casco. Quantos pés vai ter o comprimento do barco?

  • valter chamisso coca disse:

    Aproveitando !!!
    Numa embarcação pequena aconselhado usar XM1808 600 g/m² , correto ?
    Quantas camadas devem ser utilizado na laminação ? caso seja apenas 1 deve-se sobrepor os tecidos nas suas emendas ? isto dificulta o acabamento nas emendas pois o laminado fica com o dobro da espessura.
    Me corrija por favor ou existe uma solução diferente.

    Valter

    • Barracuda Composites disse:

      Oi Valter,

      O dimensionamento de um painel sandwich, mesmo para uma embarcação pequena, depende do comprimento-velocidade-tamanho dos painéis do fundo-costado-convés. No livro Métodos Avançados de Construção em Composites você encontra vários gráficos que ajudam a dimensionar a espessura do núcleo sandiwch e a quantidade de fibra. Sugirimos dar uma olhada lá primeiro!

      Se você estiver construindo com um molde macho e for sobrepor qualquer tecido, vai ter sim o dobro da espessura e então você vai ter que aplicar massa a lixar para igualar a superfície. Como você mesmo disse não existe recurso para não ter este trabalho de nivelar o overlap. Se o molde for fêmea nao esiste este problema e o “overlap” pode ficar aparente.

  • Eduardo Souza Do Amaral disse:

    Boa noite ,
    Tenho um veleiro de madeira e ocorreu apodrecimemto em algumas partes da Madeira.
    Qual seria a melhor espessura e o.material mais indicado ?
    Att
    Eduardo

    • Barracuda Composites disse:

      Oi Eduardo,
      O material/espessura irá variar dependendo da região onde o reparo deve ser feito e do tamanho do barco. Qual a parte da embarcação que está com esse problema? E qual o tamanho do barco?

  • Frederico disse:

    Boa noite! Tenho algumas dúvidas . Estas placas com ranhuras e furos em processo manual onde não há vacuo para sugar a resina, tenderia ao acúmulo de resina nas cavidades e também a formação de bolhas dentro destas ranhuras e sendo assim estas possibilidades não trariam uma descontinuidade na estrutura?;Obrigado por todo conhecimento dado a nós neste site.

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