O Custo do (não) Treinamento – Parte 2

Possuir funcionários bem treinados é a chave para o sucesso em muitas empresas. Normalmente os funcionários mais produtivos são aqueles que frequentemente estão expostos a treinamento e novas tecnologias. Eles se tornam a referencia da mão de obra do estaleiro.  A lista de pessoas necessárias, hoje em um estaleiro, não se resume somente a laminadores, carpinteiros, eletricistas e mecânicos, mas também incluem engenheiros, compradores, secretárias, assistentes de vendas, e gente disponível para manutenção e garantia. 

Em um mundo ideal, o melhor seria contratar funcionários experientes e treinados para as operações em um estaleiro, mas hoje no mundo competitivo em que vivemos a demanda de pessoas treinadas supera em muito a oferta.  Por outro lado, o treinamento não só melhora a capacitação e a qualidade dos produtos, mas também mostra ao funcionário que a empresa está interessada nele. No futuro dele. Isto certamente ajuda a manter todos motivados e comprometidos com o sucesso do produto.

Seguem algumas sugestões de como implementar um programa de treinamento:

O estaleiro deve encarar o treinamento como um investimento: Treinamento interno é freqüentemente considerado opcional em muitas empresas devido a sua complexidade e seu custo.

O estaleiro deve determinar suas prioridades: Ninguém tem tempo suficiente ou caixa para proporcionar treinamento contínuo e por isto é bom que seja investigado os locais onde existe maior retorno ou maior necessidade em curto prazo. 

Promover a cultura do aprendizado: No ritmo competitivo que vivemos, se a empresa não está avançando tecnologicamente ela está sendo ultrapassada. 

Conseguir o apoio dos supervisores: Criar envolvimento dos gerentes e supervisores para motivar os funcionários a melhorar sua qualificação.

Comece pequeno: Antes de ampliar o programa de treinamento para toda a empresa, tentar com um grupo ou setor. Desta forma o estaleiro poderá avaliar o custo benefício do programa de forma mais eficiente.

Escolher instrutores capacitados: Quem conduz o aprendizado tem o maior papel para determinar o sucesso ou não do programa.

Encontrar a hora e o local adequado: Selecionar quando e onde o treinamento vai ser realizado é importante para não interferir com a rotina diária de produção e dos próprios colaboradores. 

Expandir o treinamento: Expandir o programa de treinamento e maior exposição de novas tecnologias para os funcionários mais antigos.

Medir o resultado: Sem conseguir medir os benefícios qualquer tipo de treinamento vai ser sempre considerado “muito” caro para qualquer um. 

Como então criar uma cultura de fabricação competitiva com qualidade e lucratividade? A resposta é que alguém tem que descobrir a melhor maneira de fazer, ensinar e treinar a quem vai executar o trabalho. O resto, bem, o resto é como andar de bicicleta. 

O Custo do (não) Treinamento – Parte 1

“Qualidade significa fazer bem feito quando ninguém está olhando” – Henry Ford

Conheço dois estaleiros que fazem barcos semelhantes.  Enquanto um deles faz um produto de alta qualidade, do outro lado da rua, o vizinho é um especialista em produtos de terceira categoria. Por que os laminadores trabalhando no primeiro estaleiro são três vezes mais produtivos do que os laminadores fazendo o mesmo trabalho em outro estaleiro?

A resposta é: porque alguém ensinou a fazer certo.  Havia alguém, logo no inicio, que sabia fazer bem feito e mostrou como era. O sujeito que ensinou proporcionou ao primeiro estaleiro um padrão de qualidade incontestável e registrou o que é bom e o que é trabalho de baixa qualidade. Todo mundo neste estaleiro sabe o que deve fazer e tem uma minuciosa informação à cerca de cada detalhe de fabricação. 

O outro estaleiro glorifica a improvisação. Mas esquece que só improvisa certo quem já fez bem feito muitas vezes.  Dar um jeitinho é, na maior parte das vezes, a falsa crença de que sempre existe uma outra forma de fazer um mesmo trabalho. Quando alguém dentro da fabrica pára e pensa diante de um problema de rotina, é por que alguma coisa está errada.  Trabalho de rotina é como andar de bicicleta. Não precisa pensar. Pensar é para resolver novos problemas.  

Quando o dono do estaleiro percebe a baixa qualificação da sua mão de obra, a tendência é culpar os próprios funcionários. De fato, eles são os réus, mas a verdade é que eles não tiveram com quem aprender, ou por que alguém acima deles projetou a construção de forma inadequada. O resultado é o desperdício de energia e criatividade para inventar o que deveria ser aprendido no primeiro dia de trabalho.  

Por outro lado, o funcionário, vítima de quem poderia ter ensinado e não o fez, culpa a empresa, ou o patrão, pela falta de oportunidade, mas também esquece que não é o patrão que paga o funcionário. Ele somente gerencia os recursos. Quem paga o funcionário é o cliente que procura e adquire um produto de qualidade…!!!